Intestino, o “outro” cérebro

intestinoAtualmente várias áreas da medicina estudam o intestino, considerado ser o “outro” cérebro do nosso organismo. O sistema nervoso entérico é conectado ao cérebro superior pela medula espinhal e pelo nervo vago. O fato de que a  maioria das fibras do nervo vago estão orientadas em direção ao cérebro e de que o fluxo de mensagens do abdômen para a cabeça supera em muito ao fluxo de mensagens que vai do cérebro ao trato digestivo mostra a independência desse sistema nervoso entérico. O nervo vago tem fibras nervosas que envolvem importantes funções como o batimento cardíaco, o peristaltismo intestinal e a fala. Reconhece-se hoje em dia se mais de vinte diferentes classes de transmissores no cérebro e no sistema nervoso entérico por exemplo, a serotonina tem efeitos no cérebro e no intestino. Uma pessoa que usa um tipo de medicamento antidepressivo que inibe a recaptação da serotonina pode em doses baixas sentir um aumento do funcionamento do intestino, mas se a dose for alta os receptores se tornam mais insensíveis e o movimento do intestino tende a parar e por consequência a pessoa sente uma desconfortável prisão de ventre. Esses efeitos não são considerados efeitos colaterais, mas sim efeitos em ambos os sistemas. A grande quantidade de neurotransmissores nos intestinos evidencia a riqueza e a complexidade do sistema nervoso abdominal, igual ao cérebro. Neurologistas descobriam que o sistema nervoso entérico também possui as placas das substâncias amilóides que os doentes de Alzheimer possuem no cérebro apontando futuros caminhos de pesquisa para diagnosticar a Doença de Alzheimer através do intestino, com a pessoa ainda em vida.
Segundo o médico Michael Gershon, pesquisador da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, e autor do livro The Second Brain (O Segundo Cérebro), o 2o cérebro de Gershon está na região do corpo chamada sistema nervoso entérico, formado por uma série de camadas de células nervosas localizadas nas paredes do tubo intestinal e que contém cerca de 100 milhões de neurônios. Nesse sistema estão presentes todos os tipos de neurotransmissores – substâncias químicas que transmitem os impulsos nervosos entre os neurônios e os nervos – que existem no encéfalo craniano, como a serotonina, cuja maior concentração se encontra justamente na região intestinal. Esse pequeno cérebro estomacal tem uma conexão direta com o cérebro de verdade, e determina, ele também, em certa medida, o estado mental da pessoa. Também desempenha um papel-chave em certas doenças que afetam outras partes do organismo, como a maioria dos transtornos de intestino, desde a síndrome do intestino irritado até as doenças relacionadas com a inflamação intestinal e a prisão de ventre da terceira idade. De acordo com Gershon, “o sistema nervoso entérico fala ao cérebro e este órgão responde. O intestino pode afetar o estado de ânimo, e a estimulação do nervo principal, chamado vago, que conecta o cérebro com o intestino, pode ajudar a aliviar a depressão e a tratar a epilepsia”. O estômago não é a única parte do aparelho digestivo que mantém um vínculo com o cérebro. São por volta 7 metros de comprimento, mas sua área absortiva chega ao equivalente a uma quadra de tênis devido às vilosidades e microvilosidades intestinais (pregas na mucosa intestinal). A serotonina é a precursora da melatonina, outro hormônio, o qual é o antioxidante mais potente do corpo humano, responsável por reparar os danos causados pelo stress e ação dos radicais livres. A melatonina é produzida durante o sono profundo, e, por isso, não dormir a quantidade necessária de horas ou ter um sono leve não recupera o corpo e acelera o processo de envelhecimento. Porém, para que a melatonina seja produzida é necessário que haja quantidade suficiente dos seus precursores, e para isso, é necessário ingestão suficiente de triptofano para formar a serotonina e bom funcionamento intestinal, para que a serotonina seja produzida adequadamente.
Já o bioquímico clínico e precursor da Medicina Ortomolecular no Brasil, Hélion Póvoa, membro da Academia Nacional de Medicina e ex-pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), reforça a tese em seu livro “O cérebro desconhecido” (Editora Objetiva-2002). Segundo o professor, se o intestino estiver bem o cérebro estará saudável, e é fundamental que a comunidade médica tenha conhecimento disso para melhor orientar os pacientes. Se o intestino não funciona bem a tendência é de aumentar a depressão e a ansiedade, por causa da importante quantidade de serotonina, onde 90% é produzida pelos intestinos, e a melatonina produzida pelo órgão, assegura: “A alegria e a inteligência emocional, de que tanto precisamos para viver bem, começam realmente a partir do intestino. Por isso, só nos resta garantir a esse órgão matérias-primas de primeira qualidade, o que conseguimos com uma alimentação saudável. Ele, inteligentemente, se encarregará de garantir nossa saúde e nossa felicidade“.

 

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