Sempre que determinados ciclos findam em nossas existências, junto vem aquela sensação de impotência, desordem, desespero, ou seja, deixa a impressão de um vazio.
Um ente querido que nos deixa, uma carreira interrompida por motivos maiores, um relacionamento que não foi adiante, enfim, mudanças que temos de enfrentar muitas vezes, inesperadamente.
Apesar de ser um momento triste e doloroso, é a oportunidade que surge para refletirmos a respeito, e fazermos a “faxina” necessária a fim de que possamos nos aprimorar em termos de consciência e discernimento.
E é a partir deste vazio que novas possibilidades surgem, e nos renovam a esperança para um recomeço, um novo projeto de vida e inúmeras chances de conquistas, abrindo outros caminhos.
Daí vai de cada um a maneira de encarar este vazio, como uma derrota ou queda fatal, se lamentar pelo restante da vida, parando no tempo e no espaço, ou se levantar do tombo ou da rasteira, e seguir adiante com mais FÉ e confiança na vida, percebendo que os obstáculos aparecem a fim de serem ultrapassados, nos fortalecendo cada vez mais e que nada é por acaso?
Diz a lenda que um mestre passeava por uma floresta com seu fiel discípulo quando avistou ao longe um sítio de aparência pobre e resolveu fazer uma breve visita.
Durante o percurso ele falou ao aprendiz sobre a importância das visitas e as oportunidades de aprendizado que temos, também com as pessoas que mal conhecemos.
Chegando as sítio constatou a pobreza do lugar, sem calçamento, casa de madeira, os moradores, um casal e três filhos, vestidos com roupas rasgadas e sujas… então se aproximou do senhor aparentemente o pai daquela família e perguntou:
– Neste lugar não há sinais de pontos de comércio e de trabalho; como o senhor e a sua família sobrevivem aqui?
E o senhor calmamente respondeu:
– Meu amigo, nós temos uma vaquinha que nos dá vários litros de leite todos os dias, e uma parte desse produto nós vendemos ou trocamos na cidade vizinha por outros gêneros de alimentos e a outra parte nós produzimos queijo, coalhada, etc…; para o nosso consumo e assim vamos sobrevivendo.
O sábio agradeceu a informação, contemplou o lugar por uns momentos, depois se despediu e foi embora, mas no meio do caminho, voltou ao seu fiel discípulo e ordenou:
– Aprendiz, pegue a vaquinha, leve-a ao precipício ali na frente e empurre-a, jogue-a lá em baixo.
O jovem arregalou os olhos espantado e questionou o mestre sobre o fato da vaquinha ser o único meio de sobrevivência daquela família, mas, como percebeu o silencio absoluto do seu mestre, foi cumprir a ordem.
Assim empurrou a vaquinha morro abaixo e a viu morrer, mas aquela cena ficou marcada na memória daquele jovem durante alguns anos e um belo dia ele resolveu largar tudo o que havia aprendido e voltar naquele mesmo lugar e contar tudo aquela família, pedir perdão e ajudá-los.
Assim o fez, e quando se aproximava do local avistou um sítio muito bonito, com árvores floridas, todo murado, com carro na garagem e algumas crianças brincando no jardim, onde ficou triste e desesperado imaginando que aquela humilde família tivera que vender o sítio para sobreviver, “apertou” o passo e chegando lá, logo foi recebido por um caseiro muito simpático e perguntou sobre a família que ali morava há uns quatro anos e o caseiro respondeu:
– Continuam morando aqui.
Espantado, ele entrou correndo na casa; e viu que era mesmo a família que visitara antes com o mestre, elogiou o local e perguntou ao senhor (o dono da vaquinha):
– Como o senhor melhorou este sítio e está muito bem de vida???
E o senhor entusiasmado, respondeu:
– Nós tínhamos uma vaquinha que caiu no precipício e morreu, daí em diante tivemos que fazer outras coisas e desenvolver habilidades que nem sabíamos que tínhamos, assim alcançamos o sucesso que seus olhos vislumbram agora …