Sentir ou Pensar?

downloadConforme sentimos, temos mais clareza; conforme pensamos, há confusão.

E ainda, nesses momentos, podemos até mesmo não saber o que sentimos.

Se for esse o caso, sejam pacientes, e concentrem-se em como e o que vocês querem sentir.

Isso os ajuda a passar por qualquer impasse que percebam.

Sentir-se desconfortáveis, isto é, não se sentir como vocês mesmos, sentir-se diferentes, não conseguir se relacionar com as pessoas com quem vocês sempre se relacionaram, exaustão pela manhã, dores de cabeça, “ressacas da Ascensão”, opressão, ansiedade… tudo isso faz parte da mudança do velho para o Novo.

Que tudo esteja certo, porque realmente estamos muito diferentes, à medida que acessamos o Novo e saímos do velho.

É muito importante desacelerar, que é um desafio para muitos.

Quando alguém está ocupado fazendo isso ou aquilo, mantém-se no velho, com pouco ou nenhum tempo para apenas Ser.

E ser é essencial, porque é aí que se pode ver e sentir com mais clareza.

No velho, pensávamos que nos manter ocupados era espiritual e usávamos isso como uma medalha de honra, que correr pra lá e pra cá era como vocês permaneciam conectados com a vida, e sem essa ocupação, vocês eram preguiçosos (no antigo programa).

Agora, somos solicitados a deixar de lado essa ocupação frenética, de modo que possamos verdadeiramente sentir cada momento e cada passo que damos com plena consciência.

Alguns dias atrás, eu limpei o meu altar principal.

Reencontrei meus cartões angélicos e assim peguei-os e os coloquei em uma pequena vasilha, onde eu pudesse vê-los como a primeira coisa pela manhã.

No primeiro dia, escolhi aleatoriamente Flexibilidade, no dia seguinte, Nascimento e hoje, Liberdade.

Como isso é perfeito!

É preciso ser flexível a fim de liberar o velho (realmente o velho não quer ser liberado), e a partir disso há o Nascimento e daí, há a Liberdade.

Muitos de nós estamos experimentando essa liberdade, conforme nossas vidas se afastaram das responsabilidade do velho mundo, para sermos capazes de escolher livremente o que ressoa conosco.

E quando isso não estiver claro, apenas fiquem quietos, Sejam, e tenham paciência.

E vocês podem sentir todas as coisas juntas… ansiedade e liberdade, raiva e amor, ocupação e a capacidade de Ser.

Isso tudo faz parte da transição, portanto, não se julguem, se vocês ainda experimentarem algumas emoções inferiores… abençoem-nas e deixem-nas de lado, e em seguida, coloquem a sua atenção em como querem se sentir.

Ao Ser, vocês estão mais aptos a entrar em contato com a sua orientação intuitiva.

Tudo está sempre em seu interior.

 

(Fatima Regina, por Kara Schallock)

Entrega

imagesOs momentos iniciais de entrega precisam de muita coragem pois a sensação que dá é de perder totalmente o chão ou qualquer referencial que nos dizia porque nossa vida valia a pena.

Estamos aqui abandonando a idéia de criar um ambiente seguro e controlável onde não precisamos sair daquilo que idealizamos como as condições perfeitas de paz exterior, aquelas que têm há eras tentado nos poupar de enfrentar os medos que nos separam da verdadeira paz interior.

Estamos entrando em terreno inexplorado, nossos mecanismos de satisfação não podem criar uma nova ilusão de controle aqui, onde não teremos mais dúvidas de como agir para conseguir tal coisa ou qual o melhor caminho, porque tanto faz o que a gente vai fazer, o coração deve estar presente em tudo e para isso o único caminho é para dentro.

O segredo é estar bem no aqui agora, e estando bem tudo vai acontecer para continuar bem.

O Universo está constantemente nos trazendo mais daquilo que focamos e acreditamos.

Por isso não precisamos buscar mais nada, o momento é de nos retirarmos deste jogo, de nos colocarmos acima das necessidades de realização fora de nós mesmos.

Não há o que evoluir, já estamos e sempre estivemos prontos.

Não há o que curar nem em nós e nem no mundo, todo o Divino já está e sempre esteve aqui disponível para todos.

Neste estado, as palavras tornam-se desnecessárias, tampouco representam o Ser.

As questões da mente não nos incomodam mais, são apenas ecos de uma vida imaginada.

Percebemos que a paz não é não querer mais nada, mas quando nosso querer já se tornou uma premonição exata daquilo que o universo está providenciando para nós.

A vida apresenta novos desafios a cada dia e o equilíbrio que buscamos nunca será em criarmos circunstâncias externas que nos protejam, mas em encontrar este apoio internamente, em nosso coração.

Qualquer apoio externo é frágil e efêmero, nos traz um conforto momentâneo mas preserva o medo dentro de nós, fazendo com que a vida permaneça nos trazendo alguma forma de restaurar a nossa confiança original que não depende de nenhuma ilusão.

Tudo aqui é mágico e sagrado, não existe imperfeição alguma.

Somos o maior milagre do Universo.

Somos o Grande Espírito eterno e infinito que virou pipoca e explodiu em matéria.

A vida material é o nosso interior pipocando o tempo todo, manifestando externamente aquilo que vibramos.

Por enquanto, manifestamos aquilo que está entre nosso consciente e a Essência Divina em nós.

Mas ao trazermos ao consciente o âmago de nosso Ser é isso que será manifestado, não mais sombras e ilusões, não mais buscas sofridas, carências e frustrações.

Nosso Eu Natural deve ser resgatado até que não sobrem dúvidas, até que todo medo seja transcendido, até que a única explicação possível seja Eu Sou, Eu Existo, ou de uma forma mais bem humorada, Eu Pipoco.

Rodrigo Durante

Valor e Valores

imagesUm jovem foi até um mestre e começou a questionar o valor dos ensinamentos que ele ministrava.

Disse que ele estava errado em muitos aspectos e que não concordava com grande parte dos ensinamentos.

O mestre, sem se perturbar, retirou do dedo um anel.

Em seguida entregou ao jovem dizendo: “Por favor, pegue este anel e leve até o mercado, veja se pode conseguir uma peça de ouro por ele”.

O jovem, sem entender o motivo do pedido do mestre, foi até o mercado.

Correu barraca por barraca, mercador por mercador e o máximo que conseguiu foi a oferta de uma peça de prata pelo anel.

Ele voltou ao mestre e relatou o acontecido.

O mestre então lhe disse: “Agora vá até um joalheiro e mostre o anel, pergunte quanto ele pagaria”.

O jovem assim o fez, foi ao joalheiro que olhou o anel e se deteve na pedra incrustada no mesmo.

Depois de um certo tempo analisando o que estava vendo, ofereceu mil moedas de ouro, só pela pedra.

O jovem ficou completamente surpreso e paralisado diante da oferta, voltou até o mestre e relatou o acontecido.

O mestre então lhe disse: “A sua noção de valor em relação aos conhecimentos que transmito aos discípulos é tão grande quanto a noção de valor dos mascates à respeito de joias, e quem se propõe a avaliar jóias, deve primeiro tornar-se um joalheiro”. (História Sufi)

Tudo que você construir sobre os alicerces sólidos de princípios e caráter terá valor, mesmo que isso possa envolver nadar contra a maré.

Por outro lado, conformar-se com o que os outros estão fazendo pode comprometer essa ética, mas são os valores que tornam a vida valiosa.

Preservá-los é enriquecer a vida, mesmo que ninguém aprecie esses valores.

A pessoa que personaliza valores é uma fonte de força e inspiração para os outros, e ela será aclamada, mais cedo ou mais tarde.

Despertar

downloadEra uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro para mantê-lo cativo em sua casa.

Conseguiu pegar um filhote de águia. Colocou-o no galinheiro junto com as galinhas, embora a águia fosse o rei/rainha de todos os pássaros.

Depois de 5 anos , este homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista, e enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:

-Esse pássaro aí não é galinha, é uma águia.

-De fato – disse o camponês – É águia, mas eu criei como galinha, e ela não é mais águia, transformou-se em galinha como as outras, apesar das asas de quase três metros de envergadura.

-Não – retrucou o naturalista – Ela é e será sempre uma águia, pois tem um coração de águia, e este a fará um dia voar às alturas.

-Não, não – insistiu o camponês – Ela virou galinha e jamais voará como águia.

Então decidiram fazer uma prova, o naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a disse: Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, então abra as asas e voe!

A águia ficou sentada sobre o braço estendido do naturalista, e olhava distraidamente ao redor.

Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos, e pulou para junto delas.

-Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!

-Não – tornou a insistir o naturalista – Ela é uma águia, será sempre uma águia, e vamos experimentar novamente amanhã.

No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no telhado da casa e sussurrou-lhe:

-Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe!

Mas quando a águia viu lá embaixo as galinhas, ciscando o chão, pulou e foi para junto delas.

O camponês sorriu e voltou à casa:

-Eu lhe havia dito, ela virou galinha!

-Não – respondeu firmemente o naturalista – Ela é águia, possuirá sempre um coração de águia, e vamos experimentar ainda uma última vez, amanhã a farei voar.

No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo, pegaram a águia, levaram-na para fora da cidade, longe das casas dos homens, no alto de uma montanha, enquanto o sol nascente dourava os picos das montanhas.

O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe :

-Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe!

A águia olhou ao redor, tremia como se experimentasse nova vida, mas não voou.

Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte.

Neste momento, ela abriu suas potentes asas, grasnou com o típico KauKau das águias e ergueu-se, soberana, sobre si mesma, e começou a voar, a voar para o alto, a voar cada vez para mais alto.

Voou…voou… até confundir-se com o azul do firmamento…

(Do livro “O Despertar da Águia” de Frei Leonardo Boff)

Como os grandes Mestres Zen nos lembram, o despertar não é uma experiência agradavelmente fina, clara e confortável.

É uma experiência confusa, difícil, emocionante, libertadora e aterrorizante na mesma medida!

Ela nos ensina a ser várias coisas em um só espaço, a viver com o paradoxo, a abraçar a contradição e a arriscar tudo para ser livre.

Somos aguias!

Amar, um ato de coragem!

como-vencer-o-medo-de-amar-2O amor não é para os covardes.

Amar exige de nós a coragem de renunciar, perdoar, dissipar mágoas, e repudiar as armadilhas do egoismo.

Para amar verdadeiramente temos que desenvolver nosso poder de superação, por mais justificáveis que possam ser nossos ressentimentos e queixas.

Porém, o amor é fundamental, e amar é um aprendizado constante de como dialogar com nosso coração, e com o coração do outro.

Todos nós sabemos o quanto é árduo o caminho da compreensão das nossas limitações e das limitações alheias.

Mas, é essa compreensão que nos capacita focar nossa atenção, não no que aparenta ser, mas no que realmente é.

Por exemplo : quando alguém nos fere com palavras ou atitudes, ele nos demonstra que o medo, a confusão emocional momentânea e a impulsividade, e não o verdadeiro sentimento que essa pessoa nutre por nós, foi quem falou mais alto.

Por isso, depois de uma discussão, quando palavras foram usadas como armas de agressão, o agressor, passado o momento da raiva, costuma dizer: não foi isso que eu quis dizer.

É verdade, não foi o sentimento que ele tem por você que se expressou, mas a sua própria confusão mental e emocional.

Para compreender isso é preciso ultrapassar as barreiras do ego-personalidade, e para isso precisamos nos empenharmos na auto-análise e auto-observação com constante honestidade.

Certamente ao longo da vida, teremos inúmeras oportunidades de submeter a pequenez do nosso ego à grandiosidade do poder do amor.

Os tropeços e as provocações que sofremos durante a vida, habilitam-nos a amadurecer emocionalmente, a nos determos no outro, e a enfrentar as provações com lucidez, ao invés de sermos engolidos por elas.

A consciência lúcida evita que sejamos movidos pela disputa e pela hostilidade, ou reajamos instintivamente, por defesa própria.

Diante de discussões estéreis ou ofensas irresponsáveis, e todo tipo de situações de stress precisamos exercitar a compreensão de que a ofensa sempre parte de alguém que sofre, porque se fosse feliz não ofenderia.

Que outra energia, senão a do amor supera vaidade, egoísmo,  medo, orgulho e outros obstáculos que nos fazem sofrer?

Então, amar é ou não é prerrogativa dos corajosos?

 

Marilu Martinelli