O amor não é para os covardes.
Amar exige de nós a coragem de renunciar, perdoar, dissipar mágoas, e repudiar as armadilhas do egoismo.
Para amar verdadeiramente temos que desenvolver nosso poder de superação, por mais justificáveis que possam ser nossos ressentimentos e queixas.
Porém, o amor é fundamental, e amar é um aprendizado constante de como dialogar com nosso coração, e com o coração do outro.
Todos nós sabemos o quanto é árduo o caminho da compreensão das nossas limitações e das limitações alheias.
Mas, é essa compreensão que nos capacita focar nossa atenção, não no que aparenta ser, mas no que realmente é.
Por exemplo : quando alguém nos fere com palavras ou atitudes, ele nos demonstra que o medo, a confusão emocional momentânea e a impulsividade, e não o verdadeiro sentimento que essa pessoa nutre por nós, foi quem falou mais alto.
Por isso, depois de uma discussão, quando palavras foram usadas como armas de agressão, o agressor, passado o momento da raiva, costuma dizer: não foi isso que eu quis dizer.
É verdade, não foi o sentimento que ele tem por você que se expressou, mas a sua própria confusão mental e emocional.
Para compreender isso é preciso ultrapassar as barreiras do ego-personalidade, e para isso precisamos nos empenharmos na auto-análise e auto-observação com constante honestidade.
Certamente ao longo da vida, teremos inúmeras oportunidades de submeter a pequenez do nosso ego à grandiosidade do poder do amor.
Os tropeços e as provocações que sofremos durante a vida, habilitam-nos a amadurecer emocionalmente, a nos determos no outro, e a enfrentar as provações com lucidez, ao invés de sermos engolidos por elas.
A consciência lúcida evita que sejamos movidos pela disputa e pela hostilidade, ou reajamos instintivamente, por defesa própria.
Diante de discussões estéreis ou ofensas irresponsáveis, e todo tipo de situações de stress precisamos exercitar a compreensão de que a ofensa sempre parte de alguém que sofre, porque se fosse feliz não ofenderia.
Que outra energia, senão a do amor supera vaidade, egoísmo, medo, orgulho e outros obstáculos que nos fazem sofrer?
Então, amar é ou não é prerrogativa dos corajosos?
Marilu Martinelli