Disciplina

images“Disciplina é uma bela palavra, mas, assim como, no passado, o foram todas as belas palavras, ela tem sido mal empregada.

A palavra disciplina tem a mesma raiz da palavra discípulo – o significado da raiz é “processo de aprendizagem”.

Aquele que se mostra disposto a aprender é um discípulo, e a atitude de estar disposto a aprender é disciplina.

A pessoa douta nunca está disposta a aprender, pois acha que já sabe muito; ela se mantém muito centrada no que chama de conhecimento.

Seu conhecimento não é nada senão alimento para o ego.

Ela não é capaz de ser um discípulo, de se manter sob verdadeira disciplina.

Sócrates disse: “Só sei que nada sei” — esse é o princípio da disciplina.

Quando você não sabe nada, claro, claro que lhe sobrevém o desejo intenso de inquirir, explorar, investigar.

E, assim que começa a aprender, surge inevitavelmente outro fator: qualquer coisa que você tenha aprendido tem que ser abandonada sempre; em caso contrário, ela se tornará conhecimento, e conhecimento impede a aprendizagem de outras coisas.

O homem realmente disciplinado jamais se prende a nada; a cada momento, ele morre para qualquer coisa que tenha vindo a saber e volta a ser ignorante.

Essa ignorância é verdadeiramente luminosa.

Concordo com Dionísio quando ele afirma que a ignorância é luminosa.

Uma das experiências mais belas da existência é estar num estado de luminosa ignorância.

Quando está nesse estado de luminosa ignorância, você está aberto, não há barreira em seu ser, você está disposto a investigar.

A disciplina tem sido mal-interpretada.

As pessoas têm dito às outras que disciplinem sua vida, que façam isso, que não façam aquilo.

Têm sido imposto ao homem milhares de deves e não-deves.

E, quando o homem vive com inúmeros deves e não-deves, ele não consegue ser criativo.

Ele se torna prisioneiro; em toda parte, ele deparará uma barreira.

A pessoa criativa tem que eliminar todos os deves e não-deves.

Ela precisa de liberdade e de espaço, muito espaço; ela precisa do céu inteiro e de todas as estrelas que existem nele.

Só assim sua espontaneidade pode começar a florescer.

Portanto, lembre-se: minha ideia de disciplina não envolve nenhum dos dez mandamentos; não estou impondo-lhes nenhum tipo de disciplina; estou simplesmente tentando fazê-lo discernir a idéia de como continuar a aprender e jamais arvorar-se em douto.

Sua disciplina tem que vir de seu próprio coração; ela tem que ser inteiramente sua – e há uma grande diferença nisso.

Quando alguém lhe impõe algum tipo de disciplina, talvez ela jamais lhe sirva; será como vestir as roupas de outrem.

Ou elas ficarão grandes demais ou muito apertadas, e você sempre se sentirá um tanto idiota nelas.

Maomé legou um corpo de disciplina aos muçulmanos; talvez isso tenha sido bom para ele, mas não pode ser bom para todos.

Buda legou um corpo de disciplina a milhões de budistas; talvez isso tenha sido bom para ele, mas não pode ser bom para todos.

A disciplina é um fenômeno que se dá no âmbito da individualidade; toda vez que a adota de outrem, você começa a viver de acordo com princípios pré-estabelecidos, preceitos mortos.

E a vida jamais é morte; a vida é transformação incessante.

A vida é movimento.

Heráclito está certo: você não pode entrar no mesmo rio duas vezes.

Aliás, gostaria de dizer-lhe que você não pode entrar no mesmo rio uma única vez sequer, pois ele se move muito rapidamente!

A pessoa tem que estar atenta a cada situação e suas nuanças, observando-a, e é necessário que a pessoa reaja à situação de acordo com o momento, e não conforme a algum tipo de respostas prontas, fornecidas por outrem.

Você percebe a estupidez da humanidade?

Há cinco mil anos, Manu transmitiu um corpo de disciplina aos hindus, e, até hoje, eles o seguem.

Três mil anos atrás, Moisés deixou um corpo de disciplina aos judeus, e ainda hoje eles o seguem.

Há cinco mil anos, Rsabhanatha transmitiu seu corpo de disciplina aos jainistas, e eles ainda o seguem.

O mundo está sendo levado à loucura com essas doutrinas!

Elas são ultrapassadas; elas deveriam ter sido enterradas há muito, muito tempo.

Vocês estão carregando defuntos nas costas, e esses defuntos fedem.

E, quando você vive cercado por defuntos, que tipo de vida você pode levar?

Eu lhes ensino o momento, e a liberdade do momento, e a responsabilidade do momento.

Algo pode ser correto neste momento e pode tornar-se errado no momento seguinte.

Não tente ser imutável, pois, nesse caso, você estará morto.

Só os mortos são imutáveis.

Procure estar vivo, com todas as suas inconstâncias, e viva cada momento sem nenhuma ligação com o passado nem com o futuro.

Viva o momento, e suas reações serão plenas.

Essa plenitude é sublime, essa plenitude é criatividade.

Com isso, tudo que você fizer terá beleza própria.”

 

Osho, em “Criatividade : Libertando Sua Força Interior”

Confiança

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por Joana Misako Okoshi

 

 

 

Você se considera uma pessoa confiável?

Talvez você me responda positivamente que as pessoas podem confiar em você.

Entretanto, a que me refiro é a confiança em si.

Pois é, o quanto você confia em si mesmo é um dos fatores que afetam a sua prosperidade.

Por exemplo, temos receio de nos valorizar, porque, se começarmos a nos achar muito bons no que fazemos, podemos nos convencer e nos tornar arrogantes ou presunçosos, colocando tudo a perder.

Por isso, preferimos não correr o risco.

Além disso, ainda é muito forte a sensação de que, se ficarmos convencidos de que estamos muito bem no momento atual, podemos relaxar e não mais nos empenhar em crescer.

Por essa razão, resistimos em aprovar a nossa atual maneira de ser.

Essa forma de pensar nos mostra o quanto desconfiamos de nós mesmos.

Não nos permitimos confiar em nosso próprio discernimento.

não conseguimos acreditar que já desenvolvemos uma bagagem suficiente de conhecimento e compreensão, no sentido de saber lidar com diferentes tipos de situação.

Tendo em vista que a vida acontece de acordo com as crenças alimentadas, as pessoas acabam por desconfiar de nós, porque essa é a energia que estamos transmitindo por termos adotado esse tipo de postura em relação a nós mesmos e, consequentemente, afastamos as nossas chances de realização.

Vamos confiar mais em nosso bom senso, que é o senso de reconhecer o bem em cada coisa, lembrando de que já caminhamos tanto pela eternidade por vidas e vidas, e, em cada uma delas, aprendemos e desenvolvemos uma série de atributos que nos habilitam ser quem somos hoje.

Então, olhe para você mesmo com os olhos do bem, aprovando-se da maneira que você é, porque cada um é aquilo que consegue ser.

Você é fruto de todo um trabalho que a natureza opera em você ao longo dos tempos.

Portanto, aprenda a apreciar-se como uma obra divina que você realmente é.

 

 

 

Consciência Negra

Márcio Higa

consciencianegraO Dia da Consciência Negra é uma data celebrada no Brasil no dia 20 de Novembro. Este dia está incluído na semana da Consciência Negra e tem como objetivo um reflexão sobre a introdução dos negros na sociedade brasileira. Esta data foi escolhida como uma homenagem a Zumbi dos Palmares, data na qual morreu, lutando pela liberdade do seu povo no Brasil, em 1695. Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, foi um personagem que dedicou a sua vida lutando contra a escravatura no período do Brasil Colonial, onde os escravos começaram a ser introduzidos por volta de 1594. Um quilombo tinha a função de lutar contra as doutrinas escravistas e também de conservar elementos da cultura africana no Brasil. Na Visão Reencarnacionista, este evento apenas reforça o preconceito em relação aos afro-descendentes, pois se somos parte da raça humana, apesar de “estarmos”brasileiros, não deveria haver privilégios, como uma data especial, cotas em…

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No Compasso da Vida

por Joana Misako Okoshi

 

imagesTudo em nossa vida está em constante mudança.

Assim é em todo o Universo.

A cada minuto, a cada segundo, a realidade já não é a mesma.

E você?

Consegue sentir essas mudanças em si e permitir que elas aconteçam?

Uma pessoa muito querida, uma situação cômoda, um lugar agradável, uma roupa confortável ou um objeto de valor, tudo isso é passageiro.

Em um instante estamos desfrutando disso, em outro, não mais.

Você já sabe lidar bem com isso?

Ainda temos a tendência de acreditar na perda.

Achamos que tudo com que nos relacionamos pertence a nós, mas perceba a ilusão que criamos quando pensamos que temos a posse de algo ou de alguém.

Na realidade, não existe perda porque nunca houve a posse.

Como podemos acreditar que temos a posse de alguém ou de uma casa, ou então de um emprego?

Apenas compartilhamos uma experiência com alguém ou usufruímos de um bem material, enquanto existir uma função para isso.

Quando essa função cessar, a permanência dessas pessoas e coisas também terminarão em nossas vidas.

E, assim, a vida abre espaço para o novo acontecer.

Você sabe se despedir do velho e dar as boas-vindas ao novo?

Caso não saiba, sua vida pode estar monótona, sem sentido e estagnada.

Desapegar-se de pessoas e coisas, deixando passar as experiências sem ficar preso ao velho, e dando oportunidade para o novo acontecer, é estar integrado com o processo natural da vida, fluindo no mesmo compasso do Universo.

Dessa maneira, ao aceitarmos e estabelecermos as mudanças necessárias sem impor resistências, entenderemos que o sentido do “ter” está em estruturar as condições necessárias para atingirmos o mais importante, que é o “ser”.

Dançar o movimento da vida, fluindo conforme o ritmo da música, compreendendo que, se ele for sempre lento, cairemos em monotonia, ou se sempre agitado, não conseguiremos acompanhar, mas, se for com alternância, o baile da vida passa a ter um gosto mais especial.

Dia de Finados

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por Mauro Kwitko

 

Muitas pessoas perguntam-se como é a vida depois da morte?

Na verdade essa pergunta está errada até em sua formulação, pois não existe morte, então não existe vida depois da morte, o que existe é um eterno conti­nuum, somos sempre nós, a nossa Essência, a nossa Consciência, estejamos nesse Plano Terreno ou não.

Quem entender isso per­derá o medo da morte e ao mesmo tempo aumentará a sua responsabilidade com a “vida”, quer dizer, a responsabilidade da sua Perso­nalidade encarnada com a sua encarnação.

A nossa Essência confia em nós e fica “torcendo” por nós, como se fosse uma torcida organizada na arquibancada.

Ela, às vezes, pode “entrar em campo” apenas como o técnico o faz à beira do gramado, transmitindo orientações, mas quem está jogando é a nossa Personalidade Inferior.

Mas poucos jogadores escutam o técnico.

Obedecer, então…